Felicidade é um livro
que abre
que fecha.
Parado,
impenetrável
impercetível...
Mas quando abre,
na madrugada clara e gritante
desperta-nos os sentidos,
desabrocha-nos os poros e os sorrisos.
E por breves instantes
entontecemos devagarzinho
levitando do chão.
Hibernar no verão...
porque não?!
adj. e s.m.
Que ou aquele que se opõe, que faz oposição; adversário.
ou
Concorrente.Indivíduo que concorre a um emprego.
Candidato.
ou
as duas coisas em simultâneo !!
Será do vento,
ou as pessoas,
hoje,
andaram muito reactivas?!
Esqueceram de tomar o comprimidinho, foi ?!
Objetivo do mês: destralhar!
Há mais de dois anos que tento destralhar.
Hoje destralhei imenso e sinto-me muito mais leve!
Missão difícil e até dolorosa.
Não sou uma acumuladora compulsiva do TLC, mas tenho certa tendência para guardar coisas.
Atribuo mil significados: futura reutilização, futura aplicação, futuro uso, recordação passada, afecto passado, memória passada….
Estratagemas do ego!
Com esta história do passado e do futuro acabo por esquecer o presente,…o único que existe mesmo!
Há mais de um ano que roupas não são usadas, que tralhas não são úteis, que monos ocupam espaços preciosos de vazio.
E, se não lhes aconteceu nada durante anos, também não lhes vai acontecer nada futuramente.
Mas, à última hora, surge sempre aquela vozinha interna e enferma: « E se vieres a precisar…?», « E se for útil para alguma coisa….?»... «…e se….e se….».
Tretas!
Tenho de livrar-me de coisas e viver o HOJE.
Tenho de reeducar este apego emocional! Memórias ficarão sempre cá dentro. Onde devem estar!
Há que desocupar espaços e dar lugar à simplicidade.
E isso aplica-se também à tralha mental, a planos, projectos, ideias e pensamentos.
Há que limpar, simplificar, destralhar, minimizar, relativizar.
Tarefa difícil. Muito difícil e sinuosa.
Relativizar compromissos, estabelecer prioridades, trocar mapas por bússolas.
Ser consciente. Fazer escolhas ecológicas, controlar o tempo, desmaterializar, sentir leveza.
Em casa acham-me estranha e pensam que bebi litros de Red Bull. A empreitada é lenta e cheia de pequenos grandes passos.
Gradualmente, as camadas que me camuflam também vão tombando e vou -me redescobrindo e dando espaço a pormenores que realmente me apaixonam.
Haverá espaço, por fim, para dedicar-me ao essencial…e viver coisas novas, simplesmente.
Gosto de fotografia.
Gosto de fotografar.
Prender instantes, guardar memórias, cores, lugares e histórias.
Reviver.
Em certas fotos, ainda sinto os cheiros, a música, a pele.
Mas, e se eu deixar de fotografar as minhas viagens, as minhas experiências e emoções, elas deixam de existir!?
Eu, deixo de existir?
Não! Claro que não!
Mas dá a sensação que sim.
Tamanha é a actual importância do documento visual, tudo vira público.
A facilidade e a trivialidade da partilha desses pequenos ápices, tomaram, por vezes, dimensões imprudentes e ostensivas....
Felizmente, não tem de ser necessariamente assim.
Há momentos tão intensos, mas decerto tão reais, que permanecerão intactos e para sempre na nossa memória.
E apenas nela!
Olhava-a de soslaio tentando ler palavras soltas, sinais perdidos.
A fila de carros engordara e serpentiava aquele lento regresso a casa.
- Mãe !.....
-Diz….
-Tás triste ? Porquê?
-Porque os pais ficam velhos….Não!...Porque o corpo dos pais fica velho e tonto e eles já não podem viver lá dentro….
- Uhmmm…. Têm de partir….
-Pois. Mas nós não os queremos deixar ir…..
Um silêncio intermitente alternava com faróis vermelhos . Ruídos de um anoitecer frio e irracional que teimava em levar todos os velhos, como se fosse o último recolher do ano.
- Mãe ! ….É sobre o quê, a peça que vais ver logo à noite?
- Não sei bem….Acho que é um homem que tem saudade de uma mulher que o marcou profundamente na vida….. e ele queria poder voltar a vê-la outra vez…..
-Quem ?! A mãe dele?
- É !! As mães são assim !.... Ferro e fogo.
- Eu sei ! Por isso te escolhi a ti !
Tinha 7 anos quando me lembrei pela 1ª vez que não estava aqui por acaso.
Fiquei com saudades de CASA.
E sempre cresci na esperança de perceber o que andava aqui a fazer.
Como acredito na reencarnação, tenho,por vezes, acesso a muitas memórias dos meus passados.
A época romântica da Inglaterra do século 18......algo vago , entre lencóis brancos pendurados em prados verdes , botins enlameados e fitas de cetim a atar livros de poemas....
Mas os anos 40 do século XX, nunca me saem do pensamento,do coração, das memórias....
Eu criança.
A guerra, a fome, o medo, a solidão, a injustiça....
Filmes como : O unicórnio de porcelana
Holocausto
A lista de Schindler
A amarga sinfonia de Auschwitz
O Pianista
Sophie Scholl
Anne FranK
sempre fizeram parte da minha memória, como se fosse ontem....
Passeio por livrarias e sou' chamada' por todas as histórias dessa epóca tão negra.
Sinto que morri criança...lá, talvez por protecção...
Talvez para vir cumprir uma missão que , aqui ,ainda não cheguei a descobrir....
Espero. Reflito. Espero.
Ando em frente...
'Há pessoas que são árvores.
Há pessoas que têm raízes a fazer de pés, alimentam-se do chão, da terra e do calor dos passos pisados dos outros.
Há pessoas que não têm pés, têm raízes. E, depois a sair das raízes têm tronco , uma casca castanha aclareada pelo sol, um tronco a suster todo o corpo que está lá dentro, um tronco a levar o coração para os lados, para os ramos que têm a servir de muitos braços.
As pessoas com raízes em vez de pés, têm muitos braços convertidos em ramos.
Essas pessoas sustêm todas as outras nas pontas dos ramos onde por dentro também está o seu coração.
As pessoas que são árvores são as pessoas mais fortes do mundo, ainda que não pareça. Vivem muitos anos e mesmo que um dia murchem, povoaram o mundo de sementes iguais a si. '
Eu, que fui filho, sou agora pai.
Imagino todo o mistério que eles vêem quando olham para mim e carrego aquilo que eles não sabem, que é melhor que não saibam. E, muitas vezes, quando lhes conto alguma história minha, explico-lhes que aconteceu antes de terem nascido. Eles olham-me desde a sua idade e não estranham que existisse mundo antes de terem nascido. Já eu, que tenho esta idade, estranho quase tudo.
Sou eu que os junto, é essa a minha tarefa. O mais velho defende o mais pequeno. Perde de propósito em jogos de playstation. O mais pequeno tem uma cegueira imensa pelo mais velho. Nada do que ele faça pode estar errado. Eu sou a testemunha disto. Sou o pai. Respondo às perguntas que me fazem, dou autorização para irem lá ao fundo. O pai deixa, diz um deles.
Sou também eu que os separo. Depois de dois dias inteiros juntos, a dormirem na mesma cama, a acordarem ao mesmo tempo, sou eu que guardo a roupa suja na mochila do Benfica. Sou eu que carrego os presentes no carro. Depois de filmes no cinema em que eles decoram cada pormenor, depois do pequeno se divertir a lutar contra a minha sombra, depois de comermos crepes com chantilly, depois de eu reparar que o mais velho está quase da minha altura, chega a hora, fim da tarde de domingo, e peço-lhes para darem um abraço. Eu sou o pai a olhá-los, mas, por dentro, em segredo, sou também um menino de cinco ou doze anos que gostava de ser irmão deles.
José Luís Peixoto
Ao fim da manhã, algumas dezenas de pessoas assistiram, no adro da igreja da Graça, à cerimónia de atribuição do nome de Sophia de Mello Breyner Andresen a um dos mais belos miradouros da cidade de Lisboa, no dia em que passam cinco anos sobre a morte da maior poeta portuguesa do século XX.
Referindo-se à hora a que a cerimónia começou, poucos minutos para lá do meio-dia, Maria Andresen recordou ainda uma frase da mãe: «Certa vez, eu disse-lhe que preferia a luz do nascer do dia à do crepúsculo e ela respondeu: “Eu gosto é do sol a pino"
Sophia de Mello Breyner Andresen
-
Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-te na luz, no mar, no vento.
-
'Anatomia de Grey'
'Os Trintões'
'Brothers and Sisters'
'Ally Mcbeal'
As minhas séries preferidas..
histórias como as nossas...
que me fazem rir, pensar, sonhar, chorar...
a VIDA quase real...
Já chegou a Primavera ?!
Não dei conta....
Se alguém perguntar por mim..
digam então que voei.
(...)
As asas são para voar.
«Um dia quando a ternura
for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços,
a tua pele será talvez
demasiado bela
e a luz compreenderá
a impossível compreensão do amor.
Um dia quando a chuva secar na memória.
quando o Inverno for tão distante,
quando o frio responder devagar
com a voz arrastada de um velho,
estarei contigo e cantarão pássaros
no parapeito de nossa janela,
sim, cantarão pássaros, haverá flores,
mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus braços
e não direi nenhuma palavra,
nem o princípio de uma palavra,
para não estragar
a perfeição da felicidade.»
José Luis Peixoto
. Dias felizes... ou simple...
. Pelo prazer de a voltar a...
. Edgar
. Todos os dias são dias de...
. Saudades de Sophia.... e ...
. Não tenho paciência para ...