Precisa-se de bom humor, cortesia, elogios, delicadeza, em suma, sensatez!
O sensato reage de maneira prática.
Dá valor ao emocional e despreza o mesquinho.
O sensato é, muitas vezes, considerado de inconstante, desorganizado e pouco responsável.
Mas não!
O sensato privilegia o conteúdo, não a aparência.
Por isso, é politicamente incorrecto e impróprio para cargos técnicos e administrativos, tão entontecidos pela estupidez.
Os sensatos enlouquecem no meio de tanta pequenez, e seguem sós, seus trilhos de incompreensão e escárnio.
Estão em extinção.
Não peço que os protejam, feito animal sem habitat, mas que, por favor, respeitem as suas diferenças!
Começaram hoje as Correntes d'Escritas, lá na Póvoa de Varzim.
Gostei de ouvir a comunicação de Maria Teresa Horta com «De que armas disporemos se não destas que estão dentro do corpo» (de um poema de Hélia Correia).
Lembrei-me logo da ' Arma secreta' do António Gedeão ( Rómulo de Carvalho) e da infantil encenação que eu fazia à volta da sua declamação, nos íntimos jantares de família.
E com a mesma infantilidade , pois a minha escrita continua muito naif e pouco literária , comecei a brincar com palavras.
De que armas disponho?
Voz que voa,
sangue e brisa,
fogo ardente,
gelo quente.
Tudo ou nada.
Sol ausente.
E um não sei quê emergente
que me prende
paralisa.
De que armas disponho?
Quase nada.
Tanto tudo.
E o terrível abismo
Bivalente….inocente
de estar longe
indiferente
mas ter vontade de mais,
mais e tudo
docemente.
Avidamente partir….
voltar só e descontente.
De que arma disponho?
Foi secreta.
Foi semente.
Hoje rara , raramente
é vertigem divergente.
Cresceu. Amadureceu.
Mas continua imprudente.
É a eterna utopia de rasgar o aparente.
De que armas disponho?
Só do amor.
Simplesmente.
'Cada um de nós compõe a sua história.
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz....
E ser feliz'
Explicação da Eternidade devagar,
o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.
os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
foste eterna até ao fim.
José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"
Todas as noites são bocadinhos do fim.
Fim do dia.
Fim de planos.
Fim de sonhos.
Fim de sóis.
Em todos os dias, há fins do mundo.
Há fins do mundo em todas as despedidas.
Ampulhetas que se esgotam por entre os dedos. Naufrágios sem salvação. Desertos sem oásis à vista. Céus rasgados de dor e de raiva. Vozes embargadas de vazios na escuridão. Buracos negros de saudade e desespero. Espadas apocalípticas que desventram peitos e coxas.
Todos os dias, há mil fins do mundo, em mim.
Planar
pode não ser
um aterrar devagarinho.
Amarro asas
calabres ,ganchos...
Denuncio rastos de penas pelo chão,
quilhas partidas .
Prenúncios de um pouso de emergência.
Não sei se aterre
se me espete contra os muros.
Até recentemente os cientistas acreditavam que as células só morriam quando agredidas por factores externos, por um processo chamado necrose.
Agora, sabe-se que existe outra forma: o suicídio celular programado, necessário para eliminar células supérfluas ou defeituosas.
Esse fenómeno biológico, baptizado de apoptose, tem papel importante em diversos processos vitais e em inúmeras doenças.
Muitas células de um organismo morrem para que o conjunto sobreviva.
Assim como é preciso gerar novas células para manter processos vitais, é imprescindível eliminar as supérfluas ou defeituosas.
No indivíduo adulto, se a multiplicação das células não é compensada de modo preciso por perdas, os tecidos e órgãos crescem sem controle, o que pode levar ao cancro.
O que estudos recentes revelaram, porém, é que muitas células carregam instruções internas para "cometer suicídio" no momento em que não são mais úteis ao organismo.
Tais instruções são executadas, como um programa, quando certos comandos são accionados.
Mudanças !
Depois da longa espera, da incredibilidade da partida e da polémica da escolha....eis que chegou o dia !
Não tive que pensar, escolher ou discordar !
A minha sala é que me escolheu !!
Tem uma árvore!
É de certeza a minha sala . A sala dos meus meninos!
Obrigada!
CRIATIVIDADE
"«A vida é uma aventura.» E é assim que ela devia ser vivida. Nunca repetir as mesmas experiências. Sempre inovar, sempre inovar. Pensa que o ser vai à terra fazer a experiência da emoção. E para ajudá-lo nessa tarefa, criámos a experiência na matéria. As experiências na matéria criam emoção e o ser experiência a emoção. É um circuito fechado que funciona muito bem.
Agora imagina aquelas pessoas que nunca criam experiências novas nas suas vidas. Aquelas pessoas que fazem sempre as mesmas coisas, dia após dia, ano após ano. Porque julgam que mudar é mau. Porque não se atrevem, não arriscam, não se atiram do precipício sem saber o seu tamanho nem o que as espera lá em baixo. Nunca põem a possibilidade de EU estar lá em baixo. E de Eu as colocar numa nave para subirem ao céu. Não têm fé. Não fazem comunhão.
Essas pessoas não experienciam a vida na sua maior dimensão. Nunca saem do seu círculo de conforto. Não arriscam. Não perdem, mas também não ganham. E a vida vai ficando previsível. E vai ficando aborrecida. E um dia notam que já não se interessam por nada. É o dia da morte da essência. É o dia em que a experiência da matéria chegou ao fim por falta de matéria-prima. Por falta de experiências. Tudo fica repetitivo, tudo fica sem graça, tudo fica disforme. E a vida não é nada disso.
A vida é uma grande aventura. Com experiências novas para serem vividas. Novo. Tudo novo. Queres um conselho? Faz com que a tua vida não tenha muitas repetições. Cria situações. Cria. A criatividade é o motor da vida. E se tiveres por obrigação situações repetitivas, vive-as de forma inovadora, todos os dias.
Muda. Muda as coisas. E se não puderes mudar as coisas, muda a forma de fazeres as coisas. E a tua essência vai renascer. E qual Fénix que se eleva das cinzas, vai ganhar asas e finalmente vai voar. E ter uma essência que voa é a forma mais brilhante de se evoluir."
O Pajem
Sozinho de brancura, eu vago --- Asa
De rendas que entre cardos só flutua... ---
Triste de Mim, que vim de Alma prà rua,
E nunca a poderei deixar em casa...
Mário de Sá-Carneiro
It's safe to be alone and be lonely but I found a gun with no safety and I am going to shoot down my ghost town completely 'cause I know there's a place for us I made it, I made it I am through with sharing all my love I have outgrown crowding up my house when you found me, I could not be loved but then I found me and I'm happy to be loved.
Havia na minha rua uma árvore triste.
Quebrou-a o vento.
Ficou tombada, dias e dias
sem um lamento.
(Assim fiquei quando partiste)
Saúl Dias (1902-1983)
Um arrepio ondulante e sombrio percorreu-lhe a estrada do medo.
Aquela manhã de Inverno estava gelada e, o Sol, derretia árvores e sonhos, tal estalactites...gota a gota esparramadas no chão. O vento esgueirou-se por tampas entreabertas soltando amarras e cabelos e, até a voz ganhou a luz da velocidade e desabotoou raízes do chão.
Ela saiu do carro devagar. Era tarde. Pensava em todas as opções que tomara, nas que não tomara,nas que deixara que tomassem por si...por comodismo,por amor, por medo.
Era tarde. Nos degraus rolavam-lhe cenas que julgara esquecidas. Caiam máscaras: violentas, cruas.
Por fim chegou. Era tarde. Era a hora.
Abriu portas. Olhou em frente. Era sempre traída pelo olhar, nu e lavado.Mas naquela manhã de Inverno o Sol derretia árvores e sonhos. Olhou com entrega , sem adargas...
_ Não !!- disse.
Saiu. Na rua, dominós tombavam em cascata. Tudo permanecia no agora. Porém, as máscaras tremendas esmagavam-se contra os muros. O cheiro quente a buganvílias e a nardos invadiam-lhe as narinas inóspitas.
O calor voltava a invadir-lhe a medula.
. Tédio...ou o vazio que ve...
. O caminho faz-se caminhan...
. Células mortas ou simples...
. Pássaro solto quinta feir...
. Máscaras