Começaram hoje as Correntes d'Escritas, lá na Póvoa de Varzim.
Gostei de ouvir a comunicação de Maria Teresa Horta com «De que armas disporemos se não destas que estão dentro do corpo» (de um poema de Hélia Correia).
Lembrei-me logo da ' Arma secreta' do António Gedeão ( Rómulo de Carvalho) e da infantil encenação que eu fazia à volta da sua declamação, nos íntimos jantares de família.
E com a mesma infantilidade , pois a minha escrita continua muito naif e pouco literária , comecei a brincar com palavras.
De que armas disponho?
Voz que voa,
sangue e brisa,
fogo ardente,
gelo quente.
Tudo ou nada.
Sol ausente.
E um não sei quê emergente
que me prende
paralisa.
De que armas disponho?
Quase nada.
Tanto tudo.
E o terrível abismo
Bivalente….inocente
de estar longe
indiferente
mas ter vontade de mais,
mais e tudo
docemente.
Avidamente partir….
voltar só e descontente.
De que arma disponho?
Foi secreta.
Foi semente.
Hoje rara , raramente
é vertigem divergente.
Cresceu. Amadureceu.
Mas continua imprudente.
É a eterna utopia de rasgar o aparente.
De que armas disponho?
Só do amor.
Simplesmente.
Gosto da noite!
Somos outros à noite.
Gosto de sair, sob o céu escuro, e soltar amarras debaixo das estrelas.
Mas , cada vez mais, preciso da noite para me reequilibrar. Fazer balanço e ficar quieta...por fora.
Ouvir música que me embale.
Mergulhar no silêncio...
Dormir........Dormir é bom!
Retornar todas as noites à posição fetal e aguardar pelo renascer de cada manhã...como de uma nova vida se tratasse.
« Ama!
Dentro do templo,ajoelha-te.
No estádio de futebol,grita pela tua equipa.
Numa festa , comemora.
Durante um beijo, apaixona-te.
De frente para o mar, despe-te.
Reencontras o amigo, escuta-o.
Ou então , muda tudo.
Se preferires:
Dentro do templo, escuta-O.
Durante um beijo,despe-te.
No estádio de futebol, apaixona-te.
De frente para o mar, ajoelha-te.
Numa festa,grita pela tua equipa.
Reencontras um amigo, comemora.
Mas AMA !!!!!»
M.M
Objetivo do mês: destralhar!
Há mais de dois anos que tento destralhar.
Hoje destralhei imenso e sinto-me muito mais leve!
Missão difícil e até dolorosa.
Não sou uma acumuladora compulsiva do TLC, mas tenho certa tendência para guardar coisas.
Atribuo mil significados: futura reutilização, futura aplicação, futuro uso, recordação passada, afecto passado, memória passada….
Estratagemas do ego!
Com esta história do passado e do futuro acabo por esquecer o presente,…o único que existe mesmo!
Há mais de um ano que roupas não são usadas, que tralhas não são úteis, que monos ocupam espaços preciosos de vazio.
E, se não lhes aconteceu nada durante anos, também não lhes vai acontecer nada futuramente.
Mas, à última hora, surge sempre aquela vozinha interna e enferma: « E se vieres a precisar…?», « E se for útil para alguma coisa….?»... «…e se….e se….».
Tretas!
Tenho de livrar-me de coisas e viver o HOJE.
Tenho de reeducar este apego emocional! Memórias ficarão sempre cá dentro. Onde devem estar!
Há que desocupar espaços e dar lugar à simplicidade.
E isso aplica-se também à tralha mental, a planos, projectos, ideias e pensamentos.
Há que limpar, simplificar, destralhar, minimizar, relativizar.
Tarefa difícil. Muito difícil e sinuosa.
Relativizar compromissos, estabelecer prioridades, trocar mapas por bússolas.
Ser consciente. Fazer escolhas ecológicas, controlar o tempo, desmaterializar, sentir leveza.
Em casa acham-me estranha e pensam que bebi litros de Red Bull. A empreitada é lenta e cheia de pequenos grandes passos.
Gradualmente, as camadas que me camuflam também vão tombando e vou -me redescobrindo e dando espaço a pormenores que realmente me apaixonam.
Haverá espaço, por fim, para dedicar-me ao essencial…e viver coisas novas, simplesmente.
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