Mudanças !
Depois da longa espera, da incredibilidade da partida e da polémica da escolha....eis que chegou o dia !
Não tive que pensar, escolher ou discordar !
A minha sala é que me escolheu !!
Tem uma árvore!
É de certeza a minha sala . A sala dos meus meninos!
Obrigada!
Não prepares as palavras que gritas.
Fala consoante a loucura que te seduziu.
Enforca-te, bravo Crillon, eles te tirarão da forca com o seu Isso depende.
Daquilo que tem a cabeça sobre os ombros, abstem-te.
Forma os teus olhos fechando-os.
Deixa a madrugada aumentar a ferrugem dos teus sonhos.
Desenha na poeira os jogos desinteressados do teu tédio.
Nunca esperes por ti.
- André Breton e Paul Éluard
in A Imaculada Concepção, Estúdios Cor
Num país com baixos índices de escolarização e altos níveis de iliteracia, os pais tendem a confundir a preparação, a cultura e o conhecimento dos seus filhos com as notas que eles têm em exames. Este "conhecidómetro" instantâneo transformou-se no alfa e no ómega do nosso sistema educativo. Pouco interessa o que realmente se aprende na escola e qual a utilidade do que se aprende para o desenvolvimento intelectual, cultural, técnico e emocional (desculpem, "emocional" não, que é "eduquês") da criança (desculpem, "criança" não, que é "piegas") e do adolescente. A escola tem apenas uma função: preparar para os exames.
Um pai um pouco mais exigente, que tente acompanhar os estudos do seu filho, depara-se sempre com a mesma avassaladora e pragmática resposta: "pai, isso não me interessa, não sai no teste"; "mãe, não é assim que está no livro". A nossa escola promove duas coisas: a completa ausência de sentido crítico e a capacidade de memorização. Não desprezo a segunda, muitíssimo longe disso. Mas, se não me levarem a mal, não chega.
Na escola portuguesa também se despreza cada vez mais a capacidade de desenvolver projetos, em grupo ou individualmente, promove-se pouco o desejo de ir mais longe do que é debitado nas aulas e dá-se muito pouco valor à expressão oral. Depois de centenas de exames, um aluno com excelentes notas pode acabar a escola sem saber desenvolver oralmente uma ideia e sem conseguir argumentar num debate. Porque o essencial da avaliação é feita através de provas escritas, sem consulta, e iguais para todos.
Compreende-se esta opção: é aquela que melhor serve o raciocínio do burocrata. E para o burocrata a exigência não se mede por o gosto por aprender (ui, o que eu fui escrever!) e pelo desenvolvimento de capacidades que são forçosamente diferentes, de pessoa para pessoa. O burocrata abomina, pela sua natureza, as variações que lhe estragam os gráficos.
Os testes e exames não servem para avaliar o que se aprendeu nas aulas e fora delas, as aulas é que servem para os alunos se prepararem para os testes e exames. E avaliados de uma forma que, com raríssimas exceções, nunca mais vão voltar a experimentar na sua vida. Nunca mais, em toda a minha vida, me tive de sentar numa secretária e despejar por escrito o que, como a esmagadora maioria dos alunos, tinha decorado uns dias antes.
O ministro Nuno Crato passa por um reformador. Porque alguém meteu na cabeça das pessoas que há uma qualquer relação entre a "escola moderna" (um movimento pedagógico considerado libertário) e as práticas e teorias em vigor nas escolas públicas e no Ministério da Educação. Na realidade, a escola sonhada por Nuno Crato é muito próxima da escola que realmente temos. Ele apenas decidiu agravar todos os seus vícios: a "examinite" aguda, o domínio absoluto do que a gíria estudantil chama de "encornanço" e o predomínio burocrático da avaliação como princípio e fim das funções do ensino. Lamentavelmente, como poderemos ver comparando o nosso sistema educativo com os melhores da Europa - o finlandês, por exemplo, que tem os melhores resultados no mundo apenas tem, que eu saiba, um exame no fim do ensino secundário -, este sistema não prepara profissionais competentes, pessoas interessadas e cidadãos conscientes. Este sistema burocrático, pensado por burocratas, apenas forma excelentes burocratas.
Nuno Crato já tinha criado os exames no final do 2º ciclo e, absoluta originalidade em toda a Europa, no final do 1º ciclo. Promete agora a introdução de mais exames nacionais, no final de cada ciclo, em mais disciplinas. Não tenho a menor dúvida que a medida é popular. Popular entre muitos pais, que podem ver as capacidades dos seus filhos traduzidas em números, sem terem de acompanhar o que eles realmente sabem. Popular entre muitos professores com menos imaginação que têm assim metas bem definidas, sem a maçada de trabalhar com a singularidade de cada aluno.
A escola, como uma fábrica de salsichas, é o sonho do ministro contabilista, do professor sem vocação e do pai sem paciência.
Não vale a pena é enganar as pessoas: não se traduz em qualquer tipo de "exigência" (uma palavra com poderes mágicos, capaz de, só por ser dita, transformar a EB 2 3 de Alguidares de Baixo no Winchester College) nem em mais qualificação profissional e humana dos jovens portugueses. Os países que conseguiram dar à Escola Pública essa capacidade seguiram o caminho oposto. Aquele que Nuno Crato abomina.
Daniel Oliveira
Expresso
Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...
Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?
Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...
O que esperar da Rio + 20 ?
Como escapar aos discursos da hipocrisia?
Apenas mais um alerta?
Repetir mais uma vez que é necessário mudar?
Precisamos de MUITO mais !!!
...porque a História ainda não acabou !
Extravasou do largo o jacarandá
Death To My Hometown
Nenhuma bala de canhão voou, ninguém de rifle nos ceifou
Nenhuma bomba caiu dos céus, nenhum sangue encharcou o chão
Nenhuma pólvora cegou olhares, nenhum trovão mortal soou
Mas tão certo quanto a mão de Deus,
Eles trouxeram a morte à minha terra-natal
Nenhuma nave atravessou o céu, nenhuma cidade ardeu
Nenhum exército tomou as praias pelas quais morreríamos
Nenhum ditador foi coroado
Acordei numa noite silenciosa, nunca ouvi um só som
Bandidos atacaram no escuro e
Trouxeram a morte à minha terra-natal
Eles trouxeram a morte à minha terra-natal
Eles destruíram as fábricas de nossas famílias
E eles ocuparam nossos lares
Largaram nossos corpos nas planícies,
Os urubus deixaram só os nossos ossos
Escuta bem, meu menino, prepara-te para quando chegarem
Pois voltarão, tão certo quanto o sol que há-de nascer
Arranje uma canção para cantar e cante-a até terminar
Sim, cante-a com força e cante bem
Mande todos os magnatas sem escrúpulos para o inferno
Os ladrões gananciosos que aparaceram
E comeram a carne de tudo que encontraram
Criminosos que continuam com impunidade
Que andam nas ruas como homens livres
Ah, eles trouxeram a morte à nossa terra-natal,
A morte à nossa terra-natal.
Bruce Springsteen
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