AS PEQUENAS GAVETAS DO AMOR
Se for preciso, irei buscar um sol para falar de nós:
ao ponto mais longínquo do verso mais remoto que te fiz
Devagar, meu amor,
se for preciso, cobrirei este chão de estrelas mais brilhantes que a mais constelação,
para que as mãos depois sejam tão brandas como as desta tarde
Na memória mais funda guardarei em pequenas gavetas palavras e olhares,
se for preciso:
tão minúsculos centros de cheiros e sabores
Só não trarei o resto da ternura em resto desta tarde, que nem nos foi preciso:
no fundo do amor, tenho-a comigo:
quando a quiseres
- (Ana Luísa Amaral, in "Imagias")
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