«Posso morrer porque amei e porque fui amada. Gostei de homens, de mulheres, de velhas (de velhos não), de bebés, de bichos, de plantas, de casas, de filmes, de concertos, de quadros, de teorias, de jogos, de pastéis de nata, de jesuítas, de russos, de hamburgers, de Paris e de Londres. Nunca fui a Nova York e gostava de ir, mas não me importo de morrer sem ter ido. Também nunca tive um orgasmo, mas posso morrer sem nunca ter tido um orgasmo. Não me arrependo de nada. É claro que Nova York não se compara com um orgasmo. Um orgasmo é muito mais importante.»
LOPES, Adília, “Irmã Barata, Irmã Batata”, Braga: Angelus Novus, 2000. p. 13-14.
Um arrepio ondulante e sombrio percorreu-lhe a estrada do medo.
Aquela manhã de Inverno estava gelada e, o Sol, derretia árvores e sonhos, tal estalactites...gota a gota esparramadas no chão. O vento esgueirou-se por tampas entreabertas soltando amarras e cabelos e, até a voz ganhou a luz da velocidade e desabotoou raízes do chão.
Ela saiu do carro devagar. Era tarde. Pensava em todas as opções que tomara, nas que não tomara,nas que deixara que tomassem por si...por comodismo,por amor, por medo.
Era tarde. Nos degraus rolavam-lhe cenas que julgara esquecidas. Caiam máscaras: violentas, cruas.
Por fim chegou. Era tarde. Era a hora.
Abriu portas. Olhou em frente. Era sempre traída pelo olhar, nu e lavado.Mas naquela manhã de Inverno o Sol derretia árvores e sonhos. Olhou com entrega , sem adargas...
_ Não !!- disse.
Saiu. Na rua, dominós tombavam em cascata. Tudo permanecia no agora. Porém, as máscaras tremendas esmagavam-se contra os muros. O cheiro quente a buganvílias e a nardos invadiam-lhe as narinas inóspitas.
O calor voltava a invadir-lhe a medula.
- UM HOMEM SINGULAR
Los Angeles, 1962, no pico da Crise dos Mísseis de Cuba.
George Falconer é um professor universitário de 52 anos, a tentar encontrar de novo um sentido para a vida, depois da morte do seu companheiro de sempre, Jim.
George mergulha no passado e não consegue imaginar o seu futuro, quando o acompanhamos durante um único dia, onde uma série de encontros e acontecimentos o levam a decidir se afinal haverá ou não sentido para a vida depois de Jim. George é consolado pela sua amiga chegada Charley, uma beldade de 48 anos, também ela a lutar com as suas próprias questões acerca do futuro. E um jovem estudante de George, Kenny, que se está a aceitar como ele é, persegue George, vendo nele uma alma gémea…
« Morrer é uma coisa fascinante...» dizia.
«E de novo a armadilha dos abraços.
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos, as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.»
Rosa Lobato Faria (Actriz, escritora, autora e poetisa portuguesa, 1932- 2 de Fevereiro 2010 )
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