Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2010

A poesia é o antídoto da imbecilidade ou da inocência???

«Posso morrer porque amei e porque fui amada. Gostei de homens, de mulheres, de velhas (de velhos não), de bebés, de bichos, de plantas, de casas, de filmes, de concertos, de quadros, de teorias, de jogos, de pastéis de nata, de jesuítas, de russos, de hamburgers, de Paris e de Londres. Nunca fui a Nova York e gostava de ir, mas não me importo de morrer sem ter ido. Também nunca tive um orgasmo, mas posso morrer sem nunca ter tido um orgasmo. Não me arrependo de nada. É claro que Nova York não se compara com um orgasmo. Um orgasmo é muito mais importante.»

 

 

 

LOPES, Adília, “Irmã Barata, Irmã Batata”, Braga: Angelus Novus, 2000. p. 13-14.

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Sábado, 20 de Fevereiro de 2010

Porque hoje é sábado

 

 

 

Annie Leibovitz Photography Susan At Home

Foto de Annie Leibovitz

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Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 2010

Máscaras

 

 

   Um arrepio ondulante e sombrio percorreu-lhe a estrada do medo.

  Aquela manhã de Inverno estava gelada e, o Sol, derretia árvores e sonhos, tal estalactites...gota a gota esparramadas no chão. O vento esgueirou-se por tampas entreabertas soltando amarras e cabelos e, até a voz ganhou a luz da velocidade e desabotoou raízes do chão.

   Ela saiu do carro devagar. Era tarde. Pensava em todas as opções que tomara, nas  que não tomara,nas que deixara que tomassem por si...por comodismo,por amor, por medo.

Era tarde. Nos degraus rolavam-lhe cenas que julgara esquecidas. Caiam máscaras: violentas, cruas.

   Por  fim chegou. Era tarde. Era a hora.

  Abriu portas. Olhou em frente. Era sempre traída pelo olhar, nu e lavado.Mas naquela manhã de Inverno o Sol derretia árvores e sonhos. Olhou com entrega , sem adargas...

_  Não !!- disse.

  Saiu. Na rua, dominós tombavam em cascata. Tudo permanecia no agora. Porém, as máscaras tremendas esmagavam-se contra os muros. O cheiro quente a buganvílias e a nardos invadiam-lhe as narinas inóspitas.

   O calor voltava a invadir-lhe  a medula.

 

 

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Domingo, 7 de Fevereiro de 2010

Filmes para Fevereiro

  • UM HOMEM SINGULAR
  • 

Los Angeles, 1962, no pico da Crise dos Mísseis de Cuba.

 George Falconer é um professor universitário de 52 anos, a tentar encontrar de novo um sentido para a vida, depois da morte do seu companheiro de sempre, Jim.

George mergulha no passado e não consegue imaginar o seu futuro, quando o acompanhamos durante um único dia, onde uma série de encontros e acontecimentos o levam a decidir se afinal haverá ou não sentido para a vida depois de Jim. George é consolado pela sua amiga chegada Charley, uma beldade de 48 anos, também ela a lutar com as suas próprias questões acerca do futuro. E um jovem estudante de George, Kenny, que se está a aceitar como ele é, persegue George, vendo nele uma alma gémea…

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Terça-feira, 2 de Fevereiro de 2010

Rosa

 

« Morrer é uma coisa fascinante...» dizia.

 

 

 

«E de novo a armadilha dos abraços.
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos, as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.»


Rosa Lobato Faria (Actriz, escritora, autora e poetisa portuguesa, 1932- 2 de Fevereiro 2010 )
 

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.Mário Cesariny

tudo no teu sorriso diz que só te falta um pretexto para seres feliz uma querela talvez chegasse ou um pequeno pastor que passasse na estrada, com suas ovelhas um riso, um pormenor que no momento se pousasse e o tornasse melhor eu vou pensando em coisas velhas - sem sombra de desdém! - na vida naquele lampejo fugace que o teu sorriso já não tem e que é do passado porque a nossa grande sabedoria não soube tratar ente tão delicado e declina, o dia o pequeno pastor já não vem (Mário Cesariny, manual de prestidigitação, Assírio & Alvim)

.AS FADAS As fadas...eu creio nelas! Umas são moças e belas, Umas vivem nos rochedos, Outras, à beira do mar...

Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio E suportar é o tempo mais comprido. Peço-Te que venhas e me dês a liberdade, Que um só de Teus olhares me purifique e acabe. Há muitas coisas que não quero ver. Peço-Te que sejas o presente. Peço-Te que inundes tudo. E que o Teu reino antes do tempo venha E se derrame sobre a Terra Em Primavera feroz precipitado. Sophia de Mello Breyner Andresen

.Ser poeta é ser mais alto...

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente!

.RAÍZES

Quem me dera ter raízes, que me prendessem ao chão. Que não me deixassem dar um passo que fosse em vão. Que me deixassem crescer silencioso e erecto, como um pinheiro de riga, uma faia ou um abeto. Quem me dera ter raízes, raízes em vez de pés. Como o lódão, o aloendro, o ácer e o aloés. Sentir a copa vergar, quando passasse um tufão. E ficar bem agarrado, pelas raízes, ao chão. (in Herbário) jORGE sOUSA bRAGA