Sábado, 30 de Janeiro de 2010

até ao último segundo

« com a morte fica-se muito zangado como pessoa. não se criem dúvidas acerca disso. fica-se zangado e deseja-se aos outros pouco bem, e o mal que lhes pode acontecer é-nos indiferente ou, mais sinceramente, até nos reconforta, isso sim, como um abraço de embalo, para que não se ponham por aí a arder como o sol e, sobretudo, não nos falem com uma alegriazinha ingénua, de tempo contado, e nos façam perceber o quanto éramos também ingénuos e nunca nos preparáramos para a derrocada de todas as coisas. nunca nos preparamos para a realidade. passamos a ser cidadãos terrivelmente antipáticos, mesmo que façamos uma gestão inteligente desse desprezo que alimentamos crescendo. e só não nos tornamos perigosos porque envelhecer é tornarmo-nos vulneráveis e nada valentes, pelo que enlouquecemos um bocado e somos só como feras muito grandes sem ossos, metidas dentro de sacos de pele imprestáveis que já não servem para nos impor verticalidade nem nas mais pequenas batalhas.»

[O novo romance de  valter hugo mãe editado pela chancela Alfaguara, da editora Objectiva)

 

'A máquina de fazer espanhóis' homenageia o pai, que morreu há dez anos, tem maiúsculas e está  à venda a 10 de Fevereiro.

 

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Terça-feira, 26 de Janeiro de 2010

Tempo suspenso

A SERENATA
 
Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?         

                                                                            Adélia Prado

 

       Fotografia das gémeas artistas britânicas Jane e Louise Wilson, a ver no Centro de Arte Moderna, na Gulbenkian, até 18 de Abril.

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Domingo, 24 de Janeiro de 2010

Tango do antigamente

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Segunda-feira, 18 de Janeiro de 2010

Janeiro ...cinema..ACÇÃO!

“Cinzas e Sangue” é o primeiro filme da actriz Fanny Ardant, enquanto realizadora, num registo negro e sombrio, no seio de um drama familiar, marcado por um fatalismo inexorável, com a produção de Paulo Branco, que marcou presença no Festival de Cannes.

 

Judith (Ronit Elkabetz), vive no exilio com os seus três filhos, depois da morte trágica do seu marido. O regresso à terra natal ocorre dez anos depois, por ocasião da celebração do casamento de uma prima. Envolta em secretismo, é a vida de Judith e seu regresso, que marcam a história deste filme.

 

 A ver, no KING.

publicado por SEMLINHASCRUZADAS às 18:44
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Domingo, 17 de Janeiro de 2010

Por terras de Bethânia

 "Não tem saudade nem mágoa, meu amor fala outra língua",

canta Maria Bethânia no álbum Tua(2009).‘      Ver mais aqui: Tua
 

 

BAHIA 2010 021

 

BAHIA 2010 023

 

BAHIA 2010 032

 

 

BAHIA 2010 136

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Sábado, 16 de Janeiro de 2010

O laço branco

...e livrai-nos do mal (Manuel Halpern)

 

Michael Haneke fez o mais dreyeriano dos seus filmes, na Alemanha soturna, protestante e a preto-e-branco, dos anos 10, só que o Dreyer de Haneke, não é um Dreyer puro: todos morrem, ninguém ressuscita. O Laço Branco talvez seja o ponto em que Haneke se cruza não só com Dreyer, mas também com Lars Von Trier, porque há uma demência latente e perturbadora, comum de resto a toda a cinematografia do realizador alemão.

 Uma obra-prima, um clássico, um filme que se vê como quem lê um grande romance da história da literatura, com múltiplas leituras, ligações, patamares, personagens bi-dimensionais, tridimensionais (como Avatar não tem), inteligência narrativa, teias complexas, portas fechadas e outras que nunca se fecham, mistério, suspense, densidade narrativa... Uma história que fica na História do cinema.

E se não parecesse ridículo, insistiria que, até agora, é o melhor filme do ano.

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Sábado, 9 de Janeiro de 2010

Está aberta a minha época cinematográfica

"Quase desejava

que fôssemos borboletas

para vivermos somente

três dias de Verão.

 

Tais dias encheria

com tamanhas delícias

como cinquenta anos normais

nunca abarcariam."

 

Jonh Keats

 

publicado por SEMLINHASCRUZADAS às 11:16
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.Mário Cesariny

tudo no teu sorriso diz que só te falta um pretexto para seres feliz uma querela talvez chegasse ou um pequeno pastor que passasse na estrada, com suas ovelhas um riso, um pormenor que no momento se pousasse e o tornasse melhor eu vou pensando em coisas velhas - sem sombra de desdém! - na vida naquele lampejo fugace que o teu sorriso já não tem e que é do passado porque a nossa grande sabedoria não soube tratar ente tão delicado e declina, o dia o pequeno pastor já não vem (Mário Cesariny, manual de prestidigitação, Assírio & Alvim)

.AS FADAS As fadas...eu creio nelas! Umas são moças e belas, Umas vivem nos rochedos, Outras, à beira do mar...

Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio E suportar é o tempo mais comprido. Peço-Te que venhas e me dês a liberdade, Que um só de Teus olhares me purifique e acabe. Há muitas coisas que não quero ver. Peço-Te que sejas o presente. Peço-Te que inundes tudo. E que o Teu reino antes do tempo venha E se derrame sobre a Terra Em Primavera feroz precipitado. Sophia de Mello Breyner Andresen

.Ser poeta é ser mais alto...

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente!

.RAÍZES

Quem me dera ter raízes, que me prendessem ao chão. Que não me deixassem dar um passo que fosse em vão. Que me deixassem crescer silencioso e erecto, como um pinheiro de riga, uma faia ou um abeto. Quem me dera ter raízes, raízes em vez de pés. Como o lódão, o aloendro, o ácer e o aloés. Sentir a copa vergar, quando passasse um tufão. E ficar bem agarrado, pelas raízes, ao chão. (in Herbário) jORGE sOUSA bRAGA