De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes
:
Chega de Saudade
Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim
Vinicius de Morais
«Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo»
Sophia de Mello Breyner Andresen
Cá faz Primavera, pá?!
Já não sinto há muito tempo um cheirinho a alecrim...
Bem-vindos os dias de Bach, para podermos sacudir as asas.
A Terra não pertence ao Homem; o Homem pertence à Terra. Isto sabemos! Tudo está ligado, como o sangue que une uma família. Tudo está ligado! Tudo o que acontece à Terra acontecerá aos filhos dos Homens. O Homem não teceu a rede da vida, ele é só um dos seus muitos fios. Aquilo que ele fizer à rede da vida ele o faz a si próprio. Nem mesmo o Homem branco, cujo Deus passeia e fala com ele de amigo para amigo, fica isento do destino comum...
Por fim talvez sejamos todos irmãos!
Chefe Seattle
«Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
ALBERTO CAEIRO
FLORBELA ESPANCA
Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d'açucenas!
Escreve-me!Há tanto,há tanto tempo
Que te não vejo, amor!Meu coração
Morreu já,e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d'oração!
"Amo-te!"Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d'amor e felicidade!
Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então...brandas...serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...
'Anatomia de Grey'
'Os Trintões'
'Brothers and Sisters'
'Ally Mcbeal'
As minhas séries preferidas..
histórias como as nossas...
que me fazem rir, pensar, sonhar, chorar...
a VIDA quase real...
Fui à fonte beber água
Ao rio para te falar,
Nem na fonte nem no rio
Nunca te pude encontrar.
Dá-me uma gotinha de água
Dessa que eu oiço correr,
Entre pedras e pedrinhas
Alguma gota há-de haver.
Alguma gota há-de haver
Quero molhar a garganta,
Quero cantar como a rola
Como a rola ninguém canta.
Fui à fonte beber água
Achei um raminho verde,
Quem o perdeu tinha amores
Quem o achou tinha sede.
(Mais modinhas aqui)
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Já chegou a Primavera ?!
Não dei conta....
Se alguém perguntar por mim..
digam então que voei.
(...)
As asas são para voar.
«Um dia quando a ternura
for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços,
a tua pele será talvez
demasiado bela
e a luz compreenderá
a impossível compreensão do amor.
Um dia quando a chuva secar na memória.
quando o Inverno for tão distante,
quando o frio responder devagar
com a voz arrastada de um velho,
estarei contigo e cantarão pássaros
no parapeito de nossa janela,
sim, cantarão pássaros, haverá flores,
mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus braços
e não direi nenhuma palavra,
nem o princípio de uma palavra,
para não estragar
a perfeição da felicidade.»
José Luis Peixoto
A resposta, meu amigo,
está a soprar no vento
A resposta está a soprar no vento…
São de veludo as palavras
Daquele que finge que ama
Ao desengano levo a vida
A sorte a mim já não me chama
Vida tão só
Vida tão estranha
Meu coração tão mal tratado
Já nem chorar me traz consolo
Resta-me só o triste fado
A gente vive na mentira
Já nem dá conta do que sente
Antes sozinha toda a vida
Que ter um coração que mente
RODRIGO LEÃO
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